O mar dourado cuspindo peixes
O sol nas cristas e a tarrafa
A areia bruma e peneirada de maré
O coqueiro sozinho e breve
Um
horizonte
Depois da
ponte
Quase
distante
Se não
fosse ali
A água cálida de movimento
Os pássaros rutilando o roxo céu
Entre nuvens derradeiras
Que sempre a tarde já vai cair
O som dos silêncios entre as ondas
O hiato de haver gravitação
O sangue pulsando oceânico
E as sereias embebedadas
As proas no Cabo do Futuro
Os pedregulhos submersos e lodos
A velha carcaça do náufrago galeão
Uma brisa nua
Um ocaso esquecido
A maresia com aroma de carne crua
E um terço do que ainda se vê
A praia está escurecendo
O sol descendo sob a barra de fogo
As casas acendendo as vidas
E a noite que vai chegar só
O betume
As jangadas
As cordas
As velas
O nó.