Meus fones
de ouvido
Um piano, um
pedido –
Não mais que
duas mãos –
O resto do
mundo, tudo
Minha escatológica
Vizinhança musical
Deixa de
existir!
Ficam lá, em
seu umbral
Que eu aqui
saio do meu
Esqueço que dura
hora
Nada mais
cobrando mora
E o deus que
me esqueceu...
Venho de um
distante desafio
: o de
vencer a este rio
De correntes
balbúrdias
E mentes não
menos absurdas
Fujo, em
silêncio
O que não
quer dizer covardia
Foi mesmo a
minha palavra
Esta sim,
que se cansou
E fez sua
própria afasia
Escrevo
solitário, mas ainda de pé
Um nó que me
desata
A cada
sílaba de pó, cada bravata
Que é isto o
que a poesia é
Mexo meus
neurônios apenas
Estas coisinhas
tão pequenas quanto eu
E vejo o
despropósito
Destes putos
De quem acha
que está me dando
Seus minutos
em depósito
Quando, na
verdade, nunca nada me deu
E a música
antiga irrompe
Agora em cesuras
digitais
Que nós
outros, os tais modernos
Gemendo os
mesmos verões e invernos
Ainda é que
recorremos à ela
Para saber
que é melhor
Estar dentro
de uma alcova
Ou até mesmo
de uma panela
A salvo de
tudo o que se mova
E daqueles que
se autodenominam
Mutuamente
de normais...
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