quarta-feira, 27 de março de 2013

Contemplativa


Eu passo uma noite inteira olhando o céu
Fico tão ausente que pareço evaporar
Num instante o pensamento vaga ao léu
E no outro eu simplesmente paro de pensar
E olhem que isto me basta
A despeito desta minha vida gasta
Que só faz é querer me acabrunhar
Eu fico extasiado com as flores do mato
Que sabem o momento exato
De esperar a chuva cair para desabotoar
Nem mesmo elas têm olor
São tal e qual uma espécie de flor
Que assim como alguns tipos de amor
Só foram feitos pra gente olhar
E o mar, que dizer do intrigante mar
Com seu semblante de pura calmaria
Que só dura até que o vento
Com seu movimento e sua rebeldia
Resolva se rebelar
Isto sem falar nos animais e plantas
De cujas variedades são tantas
Que é quase impossível de se contar
Tudo é tão majestoso e perfeito
Que até o mais escabroso defeito
A seu modo e a seu jeito
Foi feito para nos conquistar
Por isso não me digam
Que eu preciso de algo mais
Do que estes meus sentidos
E de toda a ocorrente natureza
Para eu poder apreciar
Porque se eu quiser ter paz
Mais do que haveres proibidos
Prefiro olhar esta beleza
E os prazeres consentidos
Que somente ela pode me dar.



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