Sigo irresoluto,
humano.
Trago comigo
a marca viva
Na cicatriz
de cada engano.
Minha
história, de mim cativa,
Sem rumo, nem feliz
nem triste,
Subproduto de
um sumo invisível
Que escorre,
quanto mais resiste
Pelos olhos
da vítima desavisada que fui,
É apenas
mais uma história.
Poema algum
ou sentimento, ainda que perfeito,
De jeito
nenhum, mesmo em cimento,
De forma alguma
perpetua.
Minha história
é missiva nua,
E os seus
versos são vísceras
Expostas nas
torrentes da rua
A entreter
os indiferentes
E a penalizar
os curiosos.
Meus dentes
cravados no pescoço
Da moral dos
venturosos.
E, longe do aval
e do alvoroço,
Sigo olhando
este espetáculo,
Tento passar
despercebido
Como um
adúltero, um ladrão fodido,
Enquanto o
povo se espanta e delicia.
A multidão
leviana e imune
Irresponsavelmente
se levanta, me pune e sentencia...
A mesma
corja doente que ainda ousa e me diagnostica.
Sigo
sarcástico. Não bem por mim ou pelo que friso,
Mas sim pelo
riso entusiástico que medra, se ajeita e fica,
Como se fora
ele entalhado em pedra,
Na face do monumento
que enfeita meu cinismo:
A estátua
que só tem cara e boca –
Que a alma em
si era oca,
E o coração
era um abismo.
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