segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O Terreiro das Galinhas Humanas

A tarde espalhando seus dardos
De luz à terra esganiçada e quebradiça
O modo como tudo se move
Os pensamentos fervendo o inapto crânio 
Por dentro da cabeça torpe
Cada gesto é carbono e energia
Cada palavra é quase silêncio e parcimônia 
O suor banha uma espécie de seiva
A raça evolui um tanto disforme
Nesta sentença solar sempre
A um passo da chegada do fim deste mundo
Tudo é por um triz, na tarde que arde absurda
Tudo são nossas ilusões de unicidade e soberania -
E quem diria! - enquanto isso
Galinhas cutucam o chão 
Sorumbáticas, inúteis
Como se fossem gente
Pessoas automáticas cutucam o chão
Pessoas em estranha metempsicose 
Com seus bicos de galinha carijó 
Garimpando migalhas de vida
Na bisonha desmetamorfose
Para continuarem vivas
Para terem força 
Para continuar cutucando 
O mesmo reconhecido chão
E sacudindo o tão antigo pó...


Dedicado a Leonardo Boff.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aqui, você.