De luz à terra esganiçada e quebradiça
O modo como tudo se move
Os pensamentos fervendo o inapto crânio
Por dentro da cabeça torpe
Cada gesto é carbono e energia
Cada palavra é quase silêncio e parcimônia
O suor banha uma espécie de seiva
A raça evolui um tanto disforme
Nesta sentença solar sempre
A um passo da chegada do fim deste mundo
Tudo é por um triz, na tarde que arde absurda
Tudo são nossas ilusões de unicidade e soberania -
E quem diria! - enquanto isso
Galinhas cutucam o chão
Sorumbáticas, inúteis
Como se fossem gente
Pessoas automáticas cutucam o chão
Pessoas em estranha metempsicose
Com seus bicos de galinha carijó
Garimpando migalhas de vida
Na bisonha desmetamorfose
Para continuarem vivas
Para terem força
Para continuar cutucando
O mesmo reconhecido chão
E sacudindo o tão antigo pó...
Dedicado a Leonardo Boff.
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