quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Reencarnação


Vai, menino
Vai ter com os teus na seara da quimera
Onde quebram as ondas de tua memória
Na praia serena de um encantamento
Que é só teu
Corre entre as fileiras dos pomares
Sorri extasiado à efígie do teu rosto
No espelho de água pictórica de um lago
Profundo e muito silencioso
Vai, que por onde fores
Irão contigo tuas ilusões de mocidade
Só que agora fazendo todo sentido
Podendo manifestar-se
Existir...                          
Vai, menino
E canta como uma espécie de Davi –
A lira melódica de puro enleio –
Sentado sob a copa de uma sequoia milenar
Que o tempo já não é nada
E é isto o que te fascina!
Sorve o ar frígido desta tua manhã que não passa
Cerra os olhos e viaja, agora em tua metafantasia
Agora em teu sonho dentro do sonho
A tua infância é ancestral
Os teus passos são na areia remota
E ainda estão lá, tão fósseis quão frágeis
Na superfície desta lua sem gravidade
Que habitas em devaneio
Vai, menino
Vai buscar tuas respostas
Para depois deslembrar de tudo
E volta...
Volta para ser este menino que é eterno e que insiste
Mesmo quando em teu corpo exausto e ancião
Faltam-te as forças, em continuar sonhando
Brincando na roda das tuas múltiplas existências.










Um comentário:

  1. Belíssimo poema, Davi! Que cada existência possa nos trazer mais respostas...Abraços

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