quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Minha Ataraxia


Meus fones de ouvido
Um piano, um pedido –
Não mais que duas mãos –
O resto do mundo, tudo
Minha escatológica
Vizinhança musical
Deixa de existir!
Ficam lá, em seu umbral
Que eu aqui saio do meu
Esqueço que dura hora
Nada mais cobrando mora
E o deus que me esqueceu...
Venho de um distante desafio
: o de vencer a este rio
De correntes balbúrdias
E mentes não menos absurdas
Fujo, em silêncio
O que não quer dizer covardia
Foi mesmo a minha palavra
Esta sim, que se cansou
E fez sua própria afasia
Escrevo solitário, mas ainda de pé
Um nó que me desata
A cada sílaba de pó, cada bravata
Que é isto o que a poesia é
Mexo meus neurônios apenas
Estas coisinhas tão pequenas quanto eu
E vejo o despropósito
Destes putos
De quem acha que está me dando
Seus minutos em depósito
Quando, na verdade, nunca nada me deu
E a música antiga irrompe
Agora em cesuras digitais
Que nós outros, os tais modernos
Gemendo os mesmos verões e invernos
Ainda é que recorremos à ela
Para saber que é melhor
Estar dentro de uma alcova
Ou até mesmo de uma panela
A salvo de tudo o que se mova
E daqueles que se autodenominam
Mutuamente de normais...





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