quinta-feira, 4 de abril de 2013

Estio


Não há qualquer inspiração
Apenas o corpo vazio e sem alma
A página lívida, inexpressiva
Calada a fonte de onde brotava
A água viva das palavras
Agora é só o veio seco
As pedras do fundo ao sol
Não há nenhuma fertilidade
Nem mesmo um tolo verso
Que o poema, antes submerso
Agora é fóssil, quase que pó
A sílaba labiada sussurra
O som que não diz mais nada
O símbolo sem sentido
Como uma língua morta
Uma espécie de silêncio imposto
O texto disforme e debilitado
Um idioma que se extinguiu

Não há cura para o que é de fato
Apenas o tempo, cada vez mais lento
E aquele improvável momento exato
Que parece que nunca existiu.



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