segunda-feira, 1 de abril de 2013

Plágio Sofrido


Você sofre
Lava os tênis
Põe para secar
Na frente do ventilador
Na sala de estar
Do apartamento inútil
Você sofre
E esquece
Tanto tem a fazer
E é tão incompleto
Necessita ser notado
Mas a vida é trapaça
Do destino
De deus
De si própria
A vida é bela
Ainda assim
E suas pernas doem
Pois correu na esteira
E o suor como um riso
Que se vai buscar num gibi
Apenas para se rir postiço
Seu suor é cenográfico
Seu silêncio é cenográfico
Suas roupas
Sua máscara trincada
Você sofre
E ainda assim a culpa é dos outros
Que não souberam como fazer
Para ficar mais fácil de você amar
Você que se soubesse o que é amor
Nem assim sabe se se amaria
Se pensasse nas prostitutas
A essa hora da madrugada
Acompanhadas de idiotas bêbados
Ou o que é pior
Acompanhadas de bêbados covardes
Você é tão covarde...
Sempre a um passo de entender
Desiste
Sempre perde o gol da prorrogação
Os três minutos finais
Podem servir para muita coisa
Na vida de um moribundo
Você não é o único
Que não recebeu o papel principal
Só que você não se contenta
Não percebe que o tempo passou
E continua tentando
Lutando
Organizando suas miudezas
Na prateleira de quando era rapaz
Olhando para o teto e dizendo
Você nem sabe o que dizer
É incrível sua procrastinação
É medonha sua soberba
Até sua dor é de mentira
Você sai cedo e se atrasa
Você dorme e acorda exausto
Você treme diante da dúvida
Você sofre
Escova os dentes
Olha-se no espelho
Foge
Você cumpre as regras
Mas nunca venceu este jogo
Você é o tipo de plágio
Que nem assim funciona
José
Ou seria Mané?
É
Mané.
E agora
Mané?


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