Você sofre
Lava os tênis
Põe para
secar
Na frente do
ventilador
Na sala de
estar
Do
apartamento inútil
Você sofre
E esquece
Tanto tem a
fazer
E é tão
incompleto
Necessita ser
notado
Mas a vida é
trapaça
Do destino
De deus
De si própria
A vida é bela
Ainda assim
E suas pernas
doem
Pois correu
na esteira
E o suor como
um riso
Que se vai
buscar num gibi
Apenas para
se rir postiço
Seu suor é
cenográfico
Seu silêncio
é cenográfico
Suas roupas
Sua máscara trincada
Você sofre
E ainda assim
a culpa é dos outros
Que não
souberam como fazer
Para ficar
mais fácil de você amar
Você que se
soubesse o que é amor
Nem assim
sabe se se amaria
Se pensasse
nas prostitutas
A essa hora
da madrugada
Acompanhadas de
idiotas bêbados
Ou o que é pior
Acompanhadas
de bêbados covardes
Você é tão
covarde...
Sempre a um
passo de entender
Desiste
Sempre perde
o gol da prorrogação
Os três
minutos finais
Podem servir
para muita coisa
Na vida de um
moribundo
Você não é o
único
Que não
recebeu o papel principal
Só que você
não se contenta
Não percebe
que o tempo passou
E continua
tentando
Lutando
Organizando
suas miudezas
Na prateleira
de quando era rapaz
Olhando para
o teto e dizendo
Você nem sabe
o que dizer
É incrível sua
procrastinação
É medonha sua
soberba
Até sua dor é
de mentira
Você sai cedo
e se atrasa
Você dorme e
acorda exausto
Você treme
diante da dúvida
Você sofre
Escova os
dentes
Olha-se no
espelho
Foge
Você cumpre
as regras
Mas nunca
venceu este jogo
Você é o tipo
de plágio
Que nem assim
funciona
José
Ou seria Mané?
É
Mané.
E agora
Mané?
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