Quem dera a alegria
A verdadeira alegria
Aquela de olhos vendados
E peito cavado à beira mar
Quiçá o esquecimento de si
O vento nas velas lufadas
E o horizonte como fronteira
A felicidade é um segundo
Daquilo que se sabia mundo
A um passo da risca do medo
A um braço do amor resoluto
Quem dera a alegria
Não as gaitadas irrequietas
Os gestuais de mera euforia
Quem dera o silêncio efusivo
Trancado no íntimo rompante
Esperando outro beijo vindouro
Quem dera as fantasias reais
Que se vive na terra do nunca
Das quais se tem vaga notícia
Pela boca entreaberta da noite
Os sonhos são livres e cautos
Portas fendas de luz decisiva
No éter de cada figura
E no sim do que se pode conter
Quem dera a alegria
Este mágico logradouro
Esta casa dantes de tudo
Que a felicidade é quase segredo
A amêndoa por dentro da noz
O vestígio pelo qual vale a pena
A ínfima dose de ser plenamente
Quem dera a alegria
Tatear-se às vistas o passado
E achar-se no melhor do presente.
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