sexta-feira, 1 de março de 2013

Poema Rasgado


Sou um molho de frases abstrais
Lidas com pressa por quem passa.
Faço, às vezes, é sentido algum.
Os dendritos atrofiados:
Minhas sinapses abissais...
Fico muito, muito confuso
Assim como um troco faltando
Sem ter havido trapaça,
Pelo que não vale a pena voltar.
Sou manso, tenso e me contorço.
Depois continuo andando
Pensando estar parado
Ali, congelado no mesmo lugar.
Minha poesia é clandestina,
Tola e desacademicista –
Fico tão enfadado dela
Quanto os que me pedem
Por favor, para que eu não insista.
Já a poesia dos outros...
Ah! Esta sim, a poesia dos outros!
Esta é que eu não suporto:
“Oh! Príncipes, meus irmãos...”
(Todos atados de pés e mãos)
Como eu, querendo só por vaidade.
Vejo o cortejo destas coisas,
Mas fico calado como um sino
Somente prestes a eclodir.
Imaginem este cenário:
Quando menino
Entrava no campanário
E deixava a corda me subir
...
Mentira! Nunca fiz isso,
O que sempre fiz foi mentir.
Por isso virei poeta,
Que é como que não virar nada,
Uma vida meio aparvalhada,
É quase o mesmo que desexistir.






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