terça-feira, 12 de março de 2013

Uma Metafísica

Pôr-me em movimento
Apenas para não morrer,
Não deixar de existir –
O que não é o mesmo.
E antes que aconteça,
Ou algo que me meça 
Possa me diminuir:
Diáfanas manhãs,
                              E aí, sim,
Sóis de horizonte,
Brandas praias verdes,
Fumo, café, fruta, leite e pão,
Tudo no mundo da forma,
No plano quântico de ser,
No âmbito da ilusão...
Mas, então eu olho
E, súbito, meu olho
Move tudo e cristaliza
Na onda projetada
Em partícula parada
De uma fantasia material,
                           As coisas!
E uma estranha essência,
Um tolo pensamento
Quer crer que sem mim
Nem mesmo o momento.
O nada seria menos,
Menos nada ainda
Que o nada que sai
Daquilo que não é
E nem nunca foi
Objeto algum,
Pura inexistência,
Completa e livre...
Livre.
Pôr-me em prontidão
Como em uma sentinela,
Uma vigia de minhas inércias,
Minhas estacionárias eras,
Meus séculos e séculos
De peripécias pelo mundo 
Como se isto tudo dentro,
Dentro de uma gota d’água
Ou numa só fração de segundo.


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