quinta-feira, 28 de março de 2013

Um Que Resiste

É estranho parecer que faz sentido
A solidão com suas horas mastigadas
Tudo são agoras e outras noites passadas
De onde me perco sem nem bem querer voltar
Quase me dissolvo enquanto apenas respiro
De tanto que o silêncio que se instaurou me leva
Antes mesmo que amanheça e o graal dia
Quem sabe se não me esqueci foi de acordar
É o aferro que a mão do pensamento gira
Numa grande roda de agonia medieval
É distintamente nobre essa dura obstinação
Que estoica e insiste em minha caixa craniana
Contorcendo os nervos azulados e frágeis
Como uma sede de depois de depois de amanhã
É intenso o surrealismo que apregoa em vão
Nas pinceladas gestuais desta hemoptise
Tanto que começo a gargalhar – de dor
Antes de desfalecer inútil ao meu algoz
Os gritos no corredor de pedra cessaram
O rangido das cordas velhas se calou
Só o arfar tirano de cansaço e interrogação
Mas contem lá que na verdade estou vivo
E que muito ainda há para se saber.


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