sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Quintal da Poesia


Era um quintal pequeno
Onde os meninos corriam seus sonhos
Nas trilhas que faziam com pedrinhas de seixo
Era um tempo em tom pastel, era brando
Que passava lento, morno, aos móis
Da cidade inteira ser somente candura
E da rua principal ser bem distante
As réguas de madeira, os fósforos
As barras de sabão sem embalagem
As roscas e os picolés de refresco
Toda a festa dos passarinhos
No oitão da goiabeira...
Era a própria juventude
O nome daquele tempo
Quando tudo era quietude
Quanto mais passava o dia
A casa derramava chuva limpa
No declive da água que ia dar na biqueira
E tomavam banho a tarde inteira
E soltavam peão, pipa
Era bola de meia, de gude
E brincavam de pegar
Com a manja no próprio jato espesso
E gritavam e riam
Sobretudo riam, riam muito
Que aquele tempo era um tempo alegre
Era simples, era o tempo da verdadeira poesia.



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