terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Visonarialismo


Vejo estradas e colinas,
O caminho é belo e não há abrolhos:
É de navegar, o mar que ele encerra!
Vejo as minas traspassadas no seio da terra,
De ponta a ponta a perfurar na montanha de rubis.
Vejo, de olhos e pálpebras bem cerradas,
As paisagens nuas destes outros aquis.
A prata exuberante está abalizando ruas.
O traço cintilante, ora eclipsado, já surge.
O laço preso ao instante de passado
E a multidão seca ao ínfimo raio que urge.
Tudo esclarece, chama, dói e se refaz.
Por detrás de toda a beleza impacta
Há um istmo que capta do que se não era,
Mas que, de tão humano, insistia.
E que a água limpa, que a nada espera
Também irá encobrir de calmaria.
E o sal deste oceano é sagrado:
É o sal da própria existência
Que tem a si mesma destilado,
De cujo dom nem o mal mais malfadado,
O pior deles: o da inteligência,
Tem conseguido repulsar o que já é.
A isto talvez seja chamado fé
...

Vejo realidades contrapartidas.
O sonho é sem culpa e sem tempo.
Vejo tropéis sem dono, de crinas ao vento
(Talvez a mais Linda Miragem!)
E cinzéis – que por mais que se esculpa
O que se esculpe tem a tez do sentimento:
É a imagem infinda das vidas.



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